2009-03-18

Aprenda a não ler textos com a palavra “Crise” no título!....

Pergunto se alguma vez terei ouvido tão repetidas vezes a palavra “crise”, até se a terei pronunciado tantas vezes quanto as destas últimas semanas.
Este é um tema da actualidade a que ninguém é indiferente! Alguns serão imunes aos seus nefastos efeitos, outros beneficiarão, até, da onda de instabilidade que esta criou, mas ninguém lhe é indiferente!
Muito embora este nosso país já tenha estado “…de tanga”, ninguém parecia estar preparado para que esta “tanguice” se alastrasse a uma espécie de “praia mundial”, e vai daí, surge no imaginário social internacional um novo “bicho papão”, vulgo “crise económica”!
É verdade! Não faltam bocas a nomeá-la, e a apresentar-lhe soluções!
A dúvida que subsiste é: Seremos capazes de solucionar a crise económica sem solucionar a crise de ideais e valores, sobretudo de mentalidades, que se vem prolongando como prelúdio da crise económica?
Porque verdade seja dita, somos um país que, em tempo de crise (já lá vai mais uma) e salvo raras excepções, se consegue dividir claramente entre “Deslumbrados Dependentes” e “Deslumbrados Oportunistas”!
Não é difícil enumerar o sem número de “dependentes” do rendimento mínimo de inserção social, que não raras vezes roçam, também, a classificação de oportunistas, muitas vezes presos a um sistema que lhes dá o “peixe” para não perder tempo a ensiná-los a “pescar”. Caso para dizer que é uma “pescadinha de rabo na boca”!
Também os há, dependentes de créditos facilitados, pessoas que incentivaram a economia nacional através de um consumo que lhes destruiu a economia pessoal! Hoje são esses os mesmos que se vêm espezinhados pelas mesmas entidades cujo crescimento fomentaram, e cujas dificuldades financeiras solucionam enquanto contribuintes! Serão talvez putativos requerentes de um qualquer subsídio de sobrevivência nos próximos meses?!
Crescente é, também a lista de dependentes do Instituto de Emprego e Formação Profissional, um outro organismo farto em incompetência, se por um lado é mais resistente em dar o “peixe”, suspeito que nunca poderá ensinar a “pescar”, por incapacidade própria.
Deixemo-nos, entretanto, de enumerar os dependentes, pois os oportunistas estariam a perder uma bela oportunidade de se propagandearem.
São, de igual forma, facilmente reconhecíveis e passam por políticos no governo, que acharam a perfeita desculpa para os seus deslizes, como por uma oposição que encontra matéria farta para a sua arte de bem “matraquear”!
Não nos poderíamos esquecer das entidades patronais, que se não se livram ou exploram os funcionários em nome da crise, a servem bem fria em jeito de cessação e falência! Estranho que esses mesmos sejam os compradores dos únicos bens de consumo que registam aumentos de vendas, os de luxo! Oportunista fraco seria aquele que não aproveitasse as “Novas Oportunidades”, que para quem não sabe, e milhares são, já, os que se aperceberam, são uma espécie de maquilhagem estatística que credita pessoas não qualificadas, na sua maioria com o único propósito de adquirirem um computador ao preço da chuva, com o preço de arranjarem um escravo que lhes forneça os trabalhos que servirão de base à sua formação!
Como vêm, é este país e esta mentalidade que vê a crise passar!
Pergunto-me se, na esperança que passe, enquanto comemos todo este peixe dado, não veremos as canas serem levadas por quem nos distrai com o peixe, e em vez de uma crise de passagem tenhamos uma residente!
Para quando uma mente social nova, para uma vida social nova!?
Sou, contudo, um optimista convicto, e acredito que o jejum, quer afecto à época religiosa actual quer por demanda do crescente apertar de cinto imposto, vá trazer alguma clarividência a estas mentes pensadoras!
Se a fé move montanhas, tenhamos fé que faça mexer estes pedregulhos!No início, eu avisei…

Texto publicado no semanário "Fórum Vale do Sousa", Edição de 12/03/2009