2009-04-02

Em que altura deixamos a “Idade do Porquês”?

Foi no passado dia catorze que dei por mim a acompanhar uma amiga até à primeira reunião do futuro grupo de voluntários da Greenpeace da região Norte. A Organização internacional está, de facto, a gerar esforços para que a sua presença em território nacional se estenda para além do já existente e mobilizador núcleo de voluntários da região de Lisboa. Vai daí, convoca os seus voluntários virtuais da região do Porto para um primeiro encontro no Fórum da Juventude da Maia.
Estive presente, um pouco por arrasto, mas estive, num momento que se revelou produtivo e inspirador. Inspirador a vários níveis mas um deles prende-se com o facto de ter constatado que o maior número de ocupantes dos lugares disponíveis no fórum fossem jovens com não mais que quinze anos! Ali, com vinte e cinco anos de idade, eu era um dos “cotas”! Perguntei-me, então, se o altruísmo e inconformismo eram características humanas com prazo de validade definido à nascença? Ou então, se depois de certa idade e certas vivências tudo nos parecia já muito sistemático para que o consigamos mudar?!
Até que ponto as nossas forças podem e devem ser canalizadas para objectivos nobres como a sobrevivência do meio em que vivemos e do qual necessitamos, quando a nossa vida se começa a dividir entre o desempenhar de diversos papeis!?
Somos humanos, mais ou menos humanos à medida que envelhecemos!? Seria de esperar que a humanidade crescesse em nós proporcionalmente à idade! Só assim a vida faz sentido, a meu ver!
As questões não se ficaram por aqui porque, se por um lado em número os mais jovens estavam em maioria, desconfio que em consciência a massa presencial pertencesse aos menos jovens. O desejo de aventura e ausência do medo podem ser, de facto, mais evidentes num miúdo de 15 anos. O discernimento para os usar bem talvez nem tanto!?
A proporcionalidade de voluntários Greenpeace em Portugal é bem diminuta quando comparada com outros países Europeus, e isto talvez revele algo quanto ao conformismo do nosso povo, um conformismo no qual me incluo, somos sempre muito revolucionários aos jantares de família, nas mesas dos cafés, a falar do governo, mas sempre tão passivos no momento de agir! Temos facilidade em acreditar que o gesto singular não contribui para o melhoramento geral e entregamo-nos ao fatalismo das massas!
O meu conselho vai no sentido de gerarmos, novamente, a pró-actividade dos nossos quinze anos, aproveitemos a maturidade para ajudar essa força motriz!
Não nos conformemos.
Bem hajam!

P.S.: Se, porventura, desejarem começá-lo através do voluntariado Greenpeace saiba como através do site www.greenpeace.org/portugal

Texto publicado no semanário "Fórum Vale do Sousa", Edição de 19/03/2009