Nos espaços que me sobram
Esqueço as palavras ditas por demais,
As frases menos compridas que a verdade,
E os murmúrios zangados.
Desaprendi a deixar-me levar
Por todas as tuas artes e artimanhas.
E levei-me só pelas manhãs
Que seguiam os passos errados da noite anterior.
Deixei de ceder à ditadura
Do que chamávamos nosso
E passei a ditar o que chamaria meu
E de que desse meu, faria parte o teu.
Não soei sempre igual
Nem premi sem cessar a tecla
Que escreve certo por linhas tortas.
Errei repetidamente as vezes que queria acertar.
Alforriei-me de ti, é certo!
A Liberdade não surtiu maior efeito
Que escravizar-me á incoerente
Vontade de rasgar a alforria!
2011-09-14
Abre-me o teu livro!
Poderás, um dia, revelar-te?
Deixares que te conheça, que te encontre?
Se o fizeres, ler-te-ei,
Como que uma última página
Falte, apenas, para o final!
Ávido, ainda assim, não terei força
Para acelerar a leitura, que, nas tuas páginas cerradas,
Se adivinha lenta, pouco clara,
Inundada de entrelinhas, que não poderei ler
De outra forma que não nos teus próprios lábios!
Não hesito em julgar-te pela capa!
Também ela diz muito do que és.
Pois a forma como nos iludem,
Revela, não raras vezes,
Como nos será exposta a verdade!
Se me leres saberás, que de outra forma
Não me lerás, senão pelas tuas próprias páginas!
Ou não se encontrasse o livro, no preciso local
Em que lhe assentam os olhos do leitor,
Que a si próprio, procura!
Deixares que te conheça, que te encontre?
Se o fizeres, ler-te-ei,
Como que uma última página
Falte, apenas, para o final!
Ávido, ainda assim, não terei força
Para acelerar a leitura, que, nas tuas páginas cerradas,
Se adivinha lenta, pouco clara,
Inundada de entrelinhas, que não poderei ler
De outra forma que não nos teus próprios lábios!
Não hesito em julgar-te pela capa!
Também ela diz muito do que és.
Pois a forma como nos iludem,
Revela, não raras vezes,
Como nos será exposta a verdade!
Se me leres saberás, que de outra forma
Não me lerás, senão pelas tuas próprias páginas!
Ou não se encontrasse o livro, no preciso local
Em que lhe assentam os olhos do leitor,
Que a si próprio, procura!
2011-08-31
Poema mudo
Foram mais curiosos os gestos, que as palavras!
E daí não surgiram as respostas,
Porque sobraram as dúvidas e os medos.
Ao fecho das janelas, não se seguiu o abrir das portas
E assim nos cruzamos, sós,
Num espaço que não pedimos e desconhecemos.
Na mudez mais elucidativa, no que não foi dito
Se disse tudo o era esperado ouvir-se,
Uma vez mais, assim, sem palavras, sem o que nos falta dizer!
E daí não surgiram as respostas,
Porque sobraram as dúvidas e os medos.
Ao fecho das janelas, não se seguiu o abrir das portas
E assim nos cruzamos, sós,
Num espaço que não pedimos e desconhecemos.
Na mudez mais elucidativa, no que não foi dito
Se disse tudo o era esperado ouvir-se,
Uma vez mais, assim, sem palavras, sem o que nos falta dizer!
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